Recentemente um de nossos clientes comentou que estava muito chateado com a perda frequente de lâmpadas em seu imóvel. Relatava que já havia trocado o tipo, o modelo e até mesmo o fabricante, porém as peças não duravam nada.
Sempre que ouvimos este tipo de relato, já imaginamos que o problema pode estar relacionado com a modalidade de fornecimento de energia elétrica oferecido pela concessionária.
Este nosso cliente nos pediu que visitássemos o local, a fim de verificar as instalações.
Numa inspeção visual, observamos que o quadro de disjuntores havia sido montado para receber 3 fases, e as recebia. O quadro estava bem montado e aparentemente tudo estava em ordem.
Realizamos então a medição da tensão recebida da rede elétrica. Constatamos o desequilíbrio entre as fases de luz e força. Imediatamente concluímos que o quadro de distribuição de energia do imóvel não poderia ser trifásico. O sistema de distribuição era em Delta (duas fases + 4º fio + Neutro).
O que muitos profissionais não sabem é que mesmo recebendo da concessionária 3 fios + neutro, nem sempre os tais 3 fios tem suas tensões equilibradas.
No sistema Delta, apenas duas das fases estão disponíveis para a alimentação das lâmpadas e tomadas de uso geral. A fase chamada 4º fio, só deve ser usada para a ligação de motores.
No caso deste nosso cliente, o orientamos a chamar um bom eletricista para promover algumas modificações no quadro de distribuição. As cargas de iluminação e tomadas deveriam ser distribuídas apenas entre as duas fases de luz. O trabalho foi rápido e o resultado foi o desejado.
Ocorrem casos, no entanto, em que a dificuldade para chegar numa solução é bem maior.
Tivemos outro caso recente. Tratava-se de uma residência nova, pronta para ser entregue. Durante os testes que precedem a entrega da obra, foi constatado o mesmo problema. A concessionária entregara duas fases + 4ºfio + Neutro e o eletricista, por falta de informação, balanceou todas as cargas nas 3 fases.
Esta correção foi mais trabalhosa, pois as duas fases que de fato poderiam ser utilizadas para a alimentação das cargas de iluminação e tomadas, tiveram de ser substituídas por outras de maior capacidade, acarretando prejuízo financeiro para a obra.
Quem executa obras na grande São Paulo, convive com este problema, mas por que acontece isso?
A AES Eletropaulo, opera a rede de distribuição da Grande São Paulo com sistemas trifásicos do tipo Delta e Estrela com as seguintes tensões:
127/220V ( Estrela – padrão de tensão definido pela legislação atual);
120/208V ( Estrela – padrão de tensão norte americano usado nas redes subterrâneas);
115/230V ( O popular sistema Delta, padrão de tensão tipicamente europeu).
Na década de 30, a concessionária privada responsável pelos serviços de energia elétrica era a “ The São Paulo Tramway Light and Power Co. Limited”.
Até 1967, o Grupo Light mudou 5 vezes de razão social sempre sobre a tutela de americanos e canadenses. Pressionados a entregar energia a consumidores que se multiplicavam diariamente, passaram a utilizar o sistema Delta numa tentativa de expandir rapidamente suas redes, pois se trata de um sistema de execução barato. Esse misto de sistemas segue até hoje na grande São Paulo, trazendo alguns transtornos para os consumidores.
Então, como conduzir a sua obra, nova ou reforma, de forma tal que a distribuição de energia elétrica não seja um problema?
O ideal é que ao iniciar a obra a construtora faça uma consulta prévia à concessionária de energia elétrica para saber por qual dos sistemas de distribuição será atendido o endereço em questão.
Melhor ainda seria se, durante a fase de desenvolvimento do projeto complementar das instalações elétricas, o projetista fizesse tal consulta, de modo a direcionar os projetos dos quadros de distribuição para a modalidade correta.
A DLameza, ao desenvolver seus projetos, sempre tem o cuidado de verificar a modalidade da tensão de fornecimento, informando aos seus clientes o modelo adequado à sua obra.
Com o profissional eletricista contratado para a execução dos serviços mencionados sobre a modalidade correta, ele poderá preparar os quadros de distribuição no padrão adequado para dois ou três fios, conforme cada caso.
São pequenas medidas que poderão evitar atrasos de entrega das obras, bem como prejuízos financeiros.